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Publicado em 6 de junho de 2025 às 07:00
O sobrenome Varejão carrega uma história enorme no basquete capixaba e nacional. Os irmãos Anderson e Sandro são dois dos maiores nomes do esporte brasileiro nos últimos anos e, agora, a família segue bem representada com Izabel. A jovem foi convocada pela primeira vez para defender a Seleção no começo de maio, para dois amistosos contra times da WNBA, a liga norte-americana feminina de basquete e agora, também vai representar o país na Copa América, que começa no final de junho, no Chile.>
Em entrevista exclusiva para A Gazeta, a atleta contou sobre a sua trajetória no basquete; falou da responsabilidade de carregar o sobrenome Varejão, e tudo o que ele representa; contou sobre bastidores e experiências vivendo há quase uma década nos Estados Unidos; relação com a família; e sobre sua paixão pelo Espírito Santo, estado onde nasceu, cresceu e foi introduzida à modalidade.>
Iza viveu um dos seus maiores sonhos no esporte no último mês, quando teve a oportunidade de defender a Seleção Brasileira Feminina na Tour da WNBA 2025, uma série de dois jogos amistosos contra Chicago Sky e Indiana Fever, que aconteceram nos últimos dias 2 e 4 de maio. Perguntada sobre o momento mais importante da sua carreira até o momento, Iza não hesitou em destacar a convocação pela Seleção como o maior deles. "Sem dúvida. Querendo ou não, eu já conquistei muita coisa, mas ter a chance de representar o meu país, colocar a amarelinha - que na verdade é verde - é um sonho que virou realidade mesmo", disse.>
O Brasil acabou derrotado nas duas partidas, com parciais de 89 a 62 e 108 a 44, respectivamente, mas que marcam apenas o começo de novo trabalho da recém chegada treinadora Pokey Chatman, e sem a presença dos dois principais talentos do Brasil: Kamila Cardoso e Damiris Dantas. "Eu acho que a Seleção agora está ando por uma renovação Estou animada para ver o que a nova técnica vai trazer para gente. E o time é muito novo. Eu acho que a média de idade é 24, 23 anos. Muitas meninas jogaram na faculdade também nos Estados Unidos, outras que estão entrando na faculdade ainda... Mas eu acho que a gente tem um grupo e um potencial incrível", disse Iza.>
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Agora, o foco muda para a realização de outro sonho: representar o país em uma competição oficial. O Brasil defenderá o título da AmeriCup feminina 2025, que será disputada em Santiago, capital do Chile em sua 18ª edição, entre 28 de junho e 6 de julho. A competição irá reunir as 10 melhores seleções das Américas, e o Brasil está no Grupo A, com Canadá, Argentina, República Dominicana e El Salvador. Na outra chave estão Estados Unidos, Porto Rico, Chile, Colômbia e México, e as quatro melhores de cada grupo avançam para as quartas de final.>
Depois de receber uma boa minutagem nos dois amistosos e ser uma das peças vindas do banco mais destaque em ambos os jogos, Iza contou sobre seu desempenho e como está o 'coração e a cabeça' com a oportunidade de voltar a fardar a 'regata' da Seleção na Copa América. "O coração é emocionado e animado. Na quadra eu viro outra pessoa. É paixão, é raça. Acho que um pouco vem com o sobrenome, não tem como fugir. E a cabeça é o foco. Eu sempre falo, todo time que eu jogo, que eu não preciso ser estrela, eu não preciso de nada. Eu só quero fazer o que eu preciso para ajudar o time. Então, o que for preciso de mim, eu vou tentar fazer", concluiu.>
Izabel, de 25 anos, já nasceu no berço do basquetebol. Pela forte ligação de toda a família com a modalidade, o contato foi natural e presente desde os primeiros anos de vida, ainda no Espírito Santo. Porém, mesmo carregando o 'DNA das cestas', Iza conta que nunca foi pressionada pelos familiares a seguir no basquete, mas que recebeu todo o incentivo para praticar esportes de forma geral e trilhar seus próprios caminhos.>
"Por incrível que pareça, desde pequena a pressão nunca veio da família para jogar basquete. Minha mãe só queria que eu praticasse um esporte. Ela falava que é muito importante para o desenvolvimento da pessoa, e eu sempre pratiquei alguma coisa. E a pressão, na verdade, vem de fora. A pressão vem das pessoas que não sabem o que está acontecendo, que não sabem nada da minha vida. Acham que eu tenho que fazer certa coisa por conta de ser Varejão. Mas a minha família sempre me incentivou em todas as decisões que tomei. E isso é um privilégio mesmo", relata Izabel.>
E por mais que o primeiro contato com o basquete tenha sido em solo capixaba, a atleta confessou que a paixão começou depois de sair de Vitória, quando se mudou para São Paulo. No estado paulista se desenvolveu, até que recebeu a oportunidade de viajar para os Estados Unidos, onde estudou e jogou no ensino médio e, depois, na universidade. "É coisa de louco a estrutura da faculdade dos Estados Unidos. Eu tive a chance, a oportunidade, o privilégio, de jogar em uma faculdade tão tradicionais quanto as de Michigan e a de Syracuse. Michigan é referência nos acadêmicos, esporte, tudo", disse Iza. Agora que formou na faculdade, a atleta está avaliando propostas para jogar no basquete profissional, com foco em se mudar dos EUA e atuar na Europa.>
Iza Varejão viveu diferentes realidades no basquete, desde super estruturas que elevam a modalidade ao máximo, até contextos mais modestos e de menor investimento, e destacou o que tem visto no Espírito Santo no que diz a respeito ao tratamento que está sendo dado ao esporte, principalmente sobre a reforma do Ginásio Jones dos Santos Neves.>
"Eu tenho a chance de ir muito SESPORT, e eu estou realmente impressionada com a estrutura que está lá. Eles vão reformar a quadra de basquete agora, o DED, e eu vi, eu tive a chance de ver o projeto. Eu já joguei lá, treinada há muito tempo no DED, e eu fiquei emocionada quando me mostraram, de ver a estrutura que está chegando no Estado. Eu tive a chance de jogar em São Paulo, que é um dos melhores locais para esporte no país, e eu nunca vi uma quadra do jeito que o DED vai virar. Isso encoraja os atletas", disse a jogadora.>
E como forma de fazer parte desse incentivo ao basquete no Estado, Iza também é voluntária no Instituto Anderson Varejão, criado pelo seu tio em 2014, que atende e introduz crianças no esporte. "Eu tenho um sonho muito grande, é um dos meus focos na vida, de querer ajudar meninas, e eu sou voluntária no projeto do meu tio há muitos anos. Sempre que eu estou no Brasil eu sou voluntária, porque eu amo ver essas crianças. Muitas delas sonham em chegar onde meu tio chegou, onde eu cheguei, e poder estar lá, mostrar que é possível é um sonho meu", concluiu.>
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