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Publicado em 27 de maio de 2025 às 19:16
Um levantamento inédito feito pela Polícia Científica do Espírito Santo constatou que 42% das pessoas que morreram em sinistro de trânsito entre 2013 e 2023 haviam consumido álcool e/ou drogas antes dos acidentes. O estudo analisou laudos do Laboratório de Toxicologia Forense (LabTox) e do Instituto Médico Legal (IML) de Vitória nesse período de dez anos.>
Foram analisados 3.559 sinistros de trânsito, sendo que, em 73% desses registros, foi feita análise de drogas e álcool, em uma parceria da Polícia Científica, por meio de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo, do governo do Estado, com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Foi usada ainda inteligência artificial para identificar informações de sexo e raça nos laudos.>
O estudo revelou que 42% das vítimas utilizaram álcool e/ou outras drogas antes dos sinistros, sendo que a maioria era parda, do sexo masculino e com idades entre 18 e 29 anos. Desse percentual, a maioria (32%) estava sob efeito de álcool, 11% de cocaína, 8% de maconha e 1% de anfetamina. >
Os dados incluem as vítimas em geral, não sendo possível afirmar se elas estavam na condução do veículo, de acordo com a chefe do LabTox, Mariana Dadalto.>
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"Quando analisamos os resultados toxicológicos nas diferentes faixas etárias, percebemos que o sexo masculino tem maior positividade que o feminino. Entre as cores, são mais ou menos estáveis, com prevalência do preto. Já as idades mais frequentes estão entre a faixa etária de 25 a 44 anos", explica a responsável pelo laboratório.>
Ainda segundo Mariana Dadalto, na faixa etária entre 30 a 34 anos, há maior proporção de uso de cocaína, enquanto canabinoides e maconha estão presentes entre pessoas mais jovens, de 18 a 24 anos.>
Segundo o perito oficial-geral, Carlos Alberto Dalcin, o é um dos indicadores que o governo do Estado vai utilizar para criar políticas públicas voltadas à contenção de acidentes de trânsito. "Estamos no Maio Amarelo e as políticas de segurança pública estão sendo direcionadas a questões envolvendo mortes violentas no trânsito. >
O estudo realizado pela Polícia Científica identificou pela primeira vez a presença de metanfetamina em um motorista de caminhão morto em um acidente ocorrido no final de 2024, em Aracruz, no Norte do Estado.>
Segundo a diretora do Instituto de Laboratórios e Análises Forenses, Caline Airão Destefani, o acidente corrobora com o que o laboratório tem observado na apreensão de drogas.>
"A metanfetamina é um estimulante potente do sistema nervoso central. No caso de motoristas, pode causar prejuízos na direção: aceleração do veículo, dificuldade na frenagem, visão turva e diminuição dos reflexos. Isso pode culminar em acidente. >
Desde 2024, tem sido constatada a presença de metanfetamina, substância proibida no Brasil, em rebites, comprimidos usados por motoristas para tentar inibir o sono, como explica o perito César Rezende.>
"Quem compra rebite às vezes não sabe que está tomando metanfetamina. Esse comprimido não tem registro na Anvisa. O problema maior é a abstinência e dependência. É extremamente viciante e cada vez a pessoa precisa de uma dose maior. Quando o efeito acaba, a pessoa sente sonolência e cansaço extremo.">
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