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Explosão de carro em Vitória: morte de empresário sem solução após quase 5 anos

Explosão de carro em Vitória: morte de empresário sem solução após quase 5 anos

Fato deixou de ser tratado como acidente e ou a ser investigado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em 2022; Polícia Civil diz que diligências e apurações seguem em andamento

Publicado em 4 de junho de 2025 às 10:36

Jeep Com explodiu sozinho, enquanto trafegava pela Avenida Adalberto Simão Nader
Jeep Com explodiu sozinho, enquanto trafegava pela Avenida Adalberto Simão Nader Crédito: Carlos Alberto Silva

Em outubro deste ano o caso da explosão do Jeep Com em Vitória que matou o empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos, completa cinco anos. Até a publicação desta matéria o inquérito ainda não havia sido concluído pela Polícia Civil. Inicialmente tratado como um acidente, as investigações mudaram de rumo em 2022, quando o episódio ou a ser apurado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital. 

O caso segue sob segredo de Justiça, por isso, não é possível acompanhar com detalhes o andamento do processo. No site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) a última movimentação foi exatamente há um ano, quando os autos foram convertidos de físicos para eletrônicos. 

Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Civil informou que "as diligências e apurações estão em andamento pela Divisão Especializada de Homicídio Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória. Informações sobre o caso só serão divulgadas quando o inquérito policial for finalizado". O Ministério Público do Estado (MPES) respondeu na mesma linha, ressaltando que "acompanha as diligências do caso em questão, mas não é possível fornecer mais informações, pois o caso segue sob sigilo".

Linha do tempo do caso

O SUV dirigido pelo motorista Ricardo Portugal explodiu no dia 30 de outubro de 2020 e o empresário morreu no incidente

► O ACIDENTE

O acidente aconteceu no dia 30 de outubro de 2020, por volta de 12h30, na Avenida Adalberto Simão Nader, próximo ao terminal de ageiros do Aeroporto de Vitória. Uma câmera de monitoramento flagrou o Jeep Com pegando fogo sozinho, enquanto trafegava pela via. O motorista morreu carbonizado.

► APOIO DA POLÍCIA FEDERAL

ados 45 dias do incidente, a Polícia Civil chegou a solicitar e receber o apoio da Polícia Federal. À época, a corporação explicou que avaliou a ocorrência baseada nos relatos e fotos feitas pelo perito e orientou como efetuar coleta de possíveis vestígios para busca de materiais químicos no local.

"Após a coleta, encaminhamos o material para o Instituto Nacional de Criminalística para análise e busca por resíduos de substâncias químicas possivelmente relacionados ao fato. As análises realizadas não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós-explosão", detalhou a PF.

Conforme informado pela própria corporação, o combate ao incêndio pode ter interferido nos vestígios do acidente, já que estes acabaram sendo "lavados" pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado.

► PERÍCIA 

perícia do veículo foi concluída após mais de seis meses do incidente, e o laudo foi encaminhado à Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), para ser incluído no inquérito policial. Por estar em segredo de Justiça, o resultado do laudo não foi divulgado.

► FATOR EXTERNO CAUSOU EXPLOSÃO

Em outubro de 2022, o delegado-geral da Polícia Civil capixaba, José Darcy Arruda, reou à reportagem de A Gazeta uma novidade sobre o caso: a explosão não havia sido causada pelo Jeep Com, mas sim por um "fator externo"

Esses fatores tratados pela Polícia Civil dizem respeito a algum objeto que estava dentro do veículo, podendo ter sido um acidente, uma tentativa de suicídio ou um homicídio. 

► CASO A PARA DELEGACIA DE HOMICÍDIOS

Em novembro de 2022, diante da conclusão sobre o fator externo, o caso mudou de "mãos": antes investigado pela Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), o inquérito ou para a DHPP de Vitória

Até então, o caso era tratado como crime contra a incolumidade pública, que significa evitar o perigo ou risco coletivo, tendo relação direta com a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens diante de situações que possam causar ameaça de danos.

Isso significa que, em relação ao veículo do empresário, é como se a explosão do Jeep Com também oferecesse algum tipo de risco a pessoas, comércios, outros veículos e imóveis próximos ao local onde a mesma ocorreu, além de vitimar o condutor que dirigia o utilitário. 

► SEGURO DE VIDA

Ainda em novembro de 2022, A Gazeta teve o ao processo. Lá constava que, além de o laudo apontar que o veículo explodiu por fator externo, a Polícia Civil chegou a esse entendimento após descobrir dois boletins de ocorrência contra o empresário, registrados no Estado de Pernambuco, por suposto envolvimento dele em fraude financeira, e haveria uma apólice de seguro de vida em nome do homem.

À época, o delegado levantou dois fatores para determinar que a explosão não foi um delito de trânsito. A primeira diz respeito ao fato de não haver choque do veículo com obstáculo ou objeto para explodir o carro, como ficou registrado no laudo pericial.

A segunda questão abordada pelo delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT) correspondia a dois boletins de ocorrência lavrados pela Polícia Civil de Pernambuco. Os documentos citam suposto envolvimento do empresário em crime de fraude financeira. 

Conforme os boletins de ocorrência, haveria uma apólice de seguro em nome de Ricardo Portugal, o que poderia ter motivado o crime. Assim, o delegado entendeu que o caso deveria ser apurado como um crime violento contra a vida, não cabendo mais a investigação à DDT.

Assim que assumiu a investigação, o delegado da DHPP de Vitória da época requereu autorização judicial para que o Banco Itaú fornecesse informações sobre a existência de apólices de seguro em nome de Ricardo, além de um novo prazo para a conclusão das investigações.

► POLÍCIA PEDE MAIS TEMPO

► MPES DÁ MAIS PRAZO

Em outubro de 2023, o MPES aceitou o pedido e concedeu mais prazo para a corporação concluir a investigação da morte de Ricardo Portugal. Como o caso tramita em sigilo, o órgão não informou quanto tempo a mais deu para a Polícia Civil. 

Quem era o motorista

Empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, na época com 38 anos, morreu em acidente de carro
Empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, na época com 38 anos, morreu em acidente de carro Crédito: Acervo familiar

O motorista que dirigia o Jeep Com que explodiu em movimento era o empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Morador da Praia do Canto, na Capital, Ricardo era dono de uma empresa de tecnologia. À época, ele deixou um filho de 7 anos.

"Não sei nem o que dizer. Ele era um bom amigo, um homem trabalhador, realmente isso ter acontecido foi um susto", desabafou a esposa de Ricardo, na ocasião. 

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