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Publicado em 16 de maio de 2025 às 16:22
Após quase 80 anos, a Rua Chapot Presvot, na Praia do Canto, em Vitória, pode ter a grafia corrigida. O vereador Leonardo Monjardim (Novo) protocolou, na última quarta-feira (14), um projeto de lei para corrigir a forma como o sobrenome do cirurgião homenageado na via foi redigida.>
A medida ocorre após A Gazeta revelar que, na redação da lei 21/1948 que definiu o nome da rua, o sobrenome de Eduardo Chapot-Prévost foi redigido diferente ao original, sem hífen e com a letra “s” em outro lugar.>
O vereador justifica que a mudança tem por objetivo fazer uma correção histórica e respeitar a memória do homenageado.>
“A atual grafia está equivocada e permanece incorreta há quase oitenta anos, desde a promulgação da lei 21/1948, que nomeou o logradouro. A correção proposta visa a restaurar a forma correta do nome do ilustre médico e cientista brasileiro Eduardo Chapot-Prévost, garantindo fidelidade histórica e o devido reconhecimento a sua relevante contribuição à medicina nacional”, afirmou Monjardim.>
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Antes, a via era chamada Cachoeiro de Itapemirim. As ruas do bairro tinham nomes de cidades capixabas nessa época. Mas, depois da lei de 1948, aram a homenagear personalidades.>
Foi quando a Rua Santa Teresa ou a ser chamada Aleixo Neto; a Rua Alegre virou Constante Sodré; e a Rua Vila Velha ganhou o nome de Joaquim Lírio, entre outras alterações feitas na Capital.>
O cirurgião homenageado ganhou notoriedade mundial ao realizar, pela primeira vez na história, em 1900, na Casa de Saúde São Sebastião do Rio de Janeiro, uma cirurgia para separação de duas meninas toracoxifópagas. >
“Maria e Rosalina eram capixabas, nascidas em Afonso Cláudio, e tinham 7 anos na época, ligadas pelo fígado. Foram levadas ao Rio de Janeiro porque eram parentes de um político importante da época, o deputado federal José Pinheiro Júnior”, contextualiza o historiador Fernando Achiamé.>
Segundo a Academia Nacional de Medicina, as irmãs ficaram em observação por um ano. Foram aplicados remédios em uma delas a fim de verificar se a outra sentia os efeitos. Foi dessa forma que Chapot-Prévost concluiu que o órgão que as ligava era o fígado. Como não havia radiografia naquela época, foram necessários vários meses para descobrir se elas possuíam um único fígado ou não.>
Chapot-Prévost esculpiu em gesso, no tamanho natural, o modelo das irmãs. Após realizar minuciosos estudos, esgotando os métodos de investigação e exame possíveis, o cirurgião criou processos para as várias fases da cirurgia, incluindo uma mesa cirúrgica desenhada por ele especialmente para essa operação.>
Fernando Achiamé afirma que, na cirurgia, Chapot-Prévost usou, pela primeira vez, a máscara, que hoje é de uso universal. Naquela época, os processos da assepsia eram limitados, mas o cirurgião foi rígido, exigindo preparo e cuidados de higiene, que incluíam desde a apurada imunização da sala até banhos de lisol do cirurgião e seus auxiliares.>
Maria faleceu cinco dias após a cirurgia, vitimada por um quadro infeccioso que a medicina da época não dispunha de meios para debelar. Porém, a sobrevivência de Rosalina atestou o êxito do procedimento e serviu de tema a várias conferências médicas pelo mundo.>
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